Redação Dissertativa Pronta - PAIXÃO PELO TRABALHO - futuro profissional; trabalho; profissão; periodista; jornal; amor pelo trabalho; rotina; jornalismo; informação.

Redação dissertativa para concurso público, vestibular, prova do Enem.
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PAIXÃO PELO TRABALHO
(Fonte: Gazeta do Povo, Bernt Entschev)

Conheci, recentemente, uma moça com um futuro profissional aparentemente muito promissor. Aliás, digo isso baseado na dedicação impressionante com que a moça conduz seu trabalho. Verônica tem pouco mais de 30 anos e trabalha como assessora de imprensa de uma importante empresa de transporte. Formada em Jornalismo, a moça possui tanto apreço pela profissão que escolheu que sua casa é toda decorada com motivos periodistas. Eu não cheguei a visitar; porém, numa conversa que tivemos, ela me contou que tudo lembra um jornal em sua casa.
De acordo com ela, na sala há almofadas com estampas de jornal e uma máquina de escrever estrategicamente posicionada, enfeitando um móvel antigo. Na cozinha há panos de prato, jogos americanos, copos e pratos com motivos que lembram os periódicos. Não bastasse, no quarto a colcha que cobre a cama possui um caça-palavras estampado, sem contar inúmeras revistas dispostas em uma mesinha de canto. Porém, o que a moça julga ser sua menina dos seus olhos é o escritório, onde ela pintou na parede posicionada atrás da mesa um mosaico de letras aleatórias, com algumas palavras escondidas criando uma forma sinuosa, como se fosse um rio de letras ou algo do tipo.
Acho bacana esse amor pela profissão que ela escolheu. Significa que ela acertou na escolha e que, certamente, sempre fará o possível para se destacar no que faz. Isso é excelente, desde que não vire obsessão.
A história de Verônica me chamou a atenção porque ela não para no simples gosto por brincar com sua profissão na hora de decorar sua casa. Seu amor vai além e ocupa um espaço muito grande de sua vida, senão 100% dela. Em pouco mais de meia hora de conversa, a jovem me contou sobre a forma com que conduz sua rotina. Ao acordar, lê dois jornais que ela assina, um local e um nacional. A leitura, segundo ela, é obrigatória, e ocorre enquanto ela toma café e organiza sua caixa de e-mails. Em seguida, enquanto se arruma para ir ao escritório, deixa o rádio ligado no jornalismo para ter acesso a mais informações que, possivelmente, não estavam nos jornais que ela já leu.
Ao chegar ao escritório, fica conectada em tempo integral em um grande portal de jornalismo, onde acompanha em tempo real tudo o que é postado. No almoço, a moça prefere almoçar sozinha, para poder ficar com o fone de ouvido na orelha, acompanhando mais programas de radiojornalismo.
Isso tudo sem contar seu próprio trabalho. A moça me contou que, sempre que algo lhe é solicitado, ela faz o possível para atender no mesmo dia, mesmo que o prazo seja para dali a um mês. Nem que, para isso, ela tenha de ficar até altas horas da noite no escritório. Aliás, é exatamente por isso que a moça é recordista de banco de horas no trabalho. Todas as noites ela é a última a sair e, não por menos, é uma das poucas pessoas que possuem uma cópia da chave da empresa.
Verônica me contou que algumas pessoas a chamam de workaholic, mas ela nega isso veementemente. Ela não se acha viciada em trabalho, apenas ama com tanta intensidade que não consegue se dedicar a mais nada. Não consegue e nem tem vontade disso, na verdade. De acordo com a moça, que mora longe dos pais e não é casada, seu trabalho é sua família. Disse, inclusive, que cuida de tudo que é relacionado à sua profissão como se cuidasse de um filho. Para ela, a opção de se dedicar única e exclusivamente ao trabalho não pode ser condenada, já que ela é feliz assim.
Preocupo-me com pessoas como Verônica. Sempre defendi a ideia de que em tudo na vida há de se ter equilíbrio. Gostar do que se faz é saudável e fundamental para a boa execução de um trabalho. Porém, venerar uma profissão ou uma empresa já se torna um pouco de exagero. Falar sobre o que se faz com os amigos, viajar a fim de se especializar em algo, estudar, assistir a filmes relacionados é sempre muito bom. Porém, viver 24 horas em função da profissão que você escolheu para si é um tanto quanto abusivo.
Sugeri a Verônica que tentasse se abrir para novas experiências. Sua dedicação ao trabalho era, sem dúvida, muito relevante. Porém, a obsessão poderia ser algo que, futuramente, poderia lhe causar arrependimentos irreversíveis.
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