Redação dissertativa para concurso público, vestibular,
prova do Enem.
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O Brasil não conhece o Brasil
(Fonte: http://www.pagina22.com.br/index.php/2014/03/o-brasil-nao-conhece-o-brasil/,
com modificações nossas para fins didáticos)
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Abordar o tema periferia impõe um imenso desafio. Começa
pela definição do conceito: que critérios usar para estabelecer fronteiras
entre o que é centro e o que é periferia? Fatores território-espaciais? De
renda socioeconômica? Condições de moradia? Nível de escolaridade?
Acesso a oportunidades e a equipamentos públicos? Posse de
bens de consumo? Participação em decisões de poder? Nenhuma dessas ou um
cruzamento de todas as alternativas? O País de uma das maiores desigualdades
sociais do mundo tem muito a avançar no conhecimento basilar sobre grande parte
de sua população. “Quando dizemos ‘periferia’, não sabemos com exatidão do que
estamos falando. Esses são estudos que o Brasil deve a si mesmo”, afirma a
cientista social Ana Lucia Miranda (mais em “Eu, tu, eles”).
Tal conhecimento é essencial para o melhor desenho e
execução de políticas públicas, justamente em um momento caracterizado por
muitas e rápidas transformações por que passa o País. Em poucas décadas, o
Brasil vivenciou um crescimento de renda e maior acesso a bens de consumo, à informação
e ao ensino. Na visão da cientista, essas conquistas têm proporcionado a busca
por mais direitos, formando uma sociedade em ebulição e processo de formação de
cidadania.
Sem fechar os olhos para as carências e dificuldades que as
chamadas populações periféricas enfrentam, nossa reportagem encontrou um caldo
rico de iniciativas, uma cultura pulsante, um jeito de ser que subverte eixos
de poder e ignora empacotamentos. Para descobrir o Brasil real e nele
desenvolver ações de sustentabilidade – ou quem sabe descobrir a
sustentabilidade e nela desenvolver ações de periferia –, não há outro caminho
a não ser cruzar as pontes deste mundo multicêntrico.
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