Redação dissertativa
pronta para concurso público, vestibular, prova do Enem
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QUANDO O LÍDER É O MOTIVO DA DEMISSÃO
(Fonte:
Gazeta do Povo, Marcelo Maulepes)
O número de pessoas
que pediu demissão nos últimos três anos cresceu 72%, segundo dados do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Emprego e Trabalho
(MTE). Mais de um terço das demissões no primeiro semestre de 2012 foram espontâneas.
Mudar de emprego quando se recebe proposta, por exemplo, 50% maior que a
remuneração atual realmente é uma oportunidade que ninguém quer perder.
Entretanto, quando um
profissional troca de emprego por compensações de 10% a 15% maiores, certamente
o problema maior não é o salário. A alta rotatividade de profissionais por
pouca diferença salarial significa que a empresa e (especialmente) a liderança não
estão cumprindo o papel de criar um ambiente motivador para que as pessoas
sintam-se parte dele e não queiram sair na primeira oportunidade que aparece.
Quando as pessoas sentem-se parte do ambiente de trabalho, são reconhecidas
pelos seus esforços e contam com uma liderança efetiva, somente ofertas muito
convincentes farão alguém mudar de emprego.
Assim como faltam
pessoas qualificadas para posições operacionais e técnicas, faltam também para
as funções de liderança, o que tem levado as empresas a contratar ou mesmo
promover para cargos de gestão profissionais que não estão devidamente
preparados. Uma liderança despreparada produz efeitos devastadores sobre o
ambiente e sobre o nível de retenção de talentos porque, ao fim, ela representa
a empresa, seus valores e suas crenças através de seu comportamento e seu
preparo no trato com os liderados.
No momento em que o
colaborador pede demissão, o motivo da saída é, quase sempre, o de ter recebido
oportunidades melhores. Mas o fato é que, na maioria das vezes, o que se tem é
uma insatisfação aguda com o ambiente de trabalho, com a falta de conexão entre
as expectativas pessoais e o ambiente.
Quando a liderança não
atua com eficácia, gerando um ambiente motivador para os trabalhadores,
qualquer motivo é um bom motivo para se trocar de emprego. A liderança tem um
papel fundamental no gerenciamento do ambiente e das relações interpessoais em
sua equipe. Estar preparado para gerenciar comportamentos e administrar
conflitos é função indelegável da liderança.
O problema pode
surgir, eventualmente, de uma contratação feita de forma errada, que gerou
expectativas e frustrações de ambos os lados pois, quando se contrata mal, a
possibilidade de dar certo é mínima. A frustração decorre essencialmente de um
processo equivocado de ajuste de expectativas e esclarecimento de limites e
possibilidades entre contratante e contratado. A rotatividade de trabalhadores
nas empresas é causada essencialmente por quatro fatores: inadaptação com o
ambiente de trabalho atual; expectativa de que a nova empresa será melhor;
incapacidade do trabalhador de adaptar-se à cultura da organização; ou
incapacidade da empresa (especialmente a liderança) de gerar um ambiente
motivador que retenha as pessoas. Estatisticamente, sabe-se que em torno de 20%
das contratações não funcionam; por isso, aplicar técnicas de seleção que
aumentem a efetividade do processo ou contar com profissionais qualificados
para isso é essencial.
Vale ressaltar que o
custo da substituição de um trabalhador vai além das verbas rescisórias,
podendo alcançar de três a 12 vezes o salário nominal, dependendo do tempo de
empresa e do cargo de quem está se demitindo.
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